O tempo encolheu ou temos usado o tempo como desculpa para nossa pouca competência em usá-lo?
Nos últimos anos, ele tem se tornado um recurso cada vez mais escasso. Cultivamos o sonho de viver intensamente a vida e por anos nutrimos mitos de que quando nos aposentássemos o tempo seria abundante, e então usufruiríamos a vida de verdade, já que ela então estaria garantida.
O que é uma vida garantida ou encaminhada?
Acredito cada vez menos nisso, já que está provado que o impermanente é a grande única verdade do mundo. Diante da atual Revolução, continuo ouvindo os mantras de sempre se repetindo: Estou sem tempo.
O tempo se apresenta com alertas: não tê-lo sobrando é terrível e tê-lo de sobra pode ser angustiante. Somos tão limitados que não sabemos o que fazer quando ele sobra ou quando estamos à toa. O ócio gera culpa em mentes treinadas para fazer coisas e para permanecerem atoladas em tarefas.
A cada ciclo evolutivo o tempo parece mais escasso. É verdade que existem fatores acelerando nossa rota para o futuro, mas decidi olhar com mais atenção para a afirmação ‘estou sem tempo’.
Será que estamos sem tempo ou sem foco?
Sem ele ou com dificuldade de dizer não para algumas coisas, escolher, renunciar e priorizar o que é importante neste momento para construir o passo seguinte? Passamos muitas horas da vida olhando para trás e para o que ainda não existe, e nos descuidamos do presente, onde realmente estamos.
Na maioria das vezes, a falta de tempo e de dinheiro são as desculpas mais populares que encontramos para justificar nossa pouca competência de gerenciar a vida e o tempo do relógio.

É difícil encontrar pessoas com rotas pessoais e profissionais consistentes, que mantém o foco no que querem construir não das ilusões que as distraem o tempo podo de quem podemos ser e do que podemos construir de relevante em nosso entorno.
Tempo é vida, não rotação de ponteiros do relógio
Como você gasta o seu tempo? Como você determina o que será feito dele? O dia tem 24 horas, e a semana, 7 dias, porque alguns usam este espaço com maestria e outros o aproveitam tão mal?
Estamos quase sempre afogados em projetos e estímulos do mundo digital. Os trabalhadores do novo mundo navegam entusiasmados com o lindo chamado de transformação do planeta.
Um empreendedor certa vez me confessou que achou que, com os novos modelos de negócio, ele teria tempo sobrando, mas que hoje trabalha o dobro do que trabalhava nos modelos lineares. O que está errado? Os novos modelos prometem liberdade, qualidade, propósito, bilhão emergente.
Porque continuamos com tempo escasso?
Porque, sob excesso de estímulo e distração, perdemos a capacidade de decidir e priorizar. O mundo exponencial nos afoga diariamente com informações e compramos a ideia maluca de que temos que saber tudo e que temos que estar em todos os lugares virtuais e presenciais a todo momento.
Os grupos de WhatsApp são enlouquecedores! 257 pessoas teclando 24×7 em debates insanos, que sequer 10% do grupo compreende. O cientista politico Heni Ozi Cukier chama isso de cacofonia digital, prejudicial aos debates mais profundos da sociedade.

Para criar este mundo de abundância que buscamos, precisamos acompanhar a evolução das tecnologias sem permitir que elas nos atropelem. Gerd Leonard diz que temos que abraçar a tecnologia, mas não nos tornarmos ela.
As tecnologias exponenciais estão entre as forças de mudança do planeta, mas não podem se tornar o vilão de nossa época. Tenho visto pessoas muito bem sucedidas no mundo exponencial e me incluo nesta lista.
Tenho tempo, medito, escolho, tenho clareza do caminho, certeza do futuro que desejo construir e faço renúncias todos os dias para não desperdiçar um dos bens mais preciosos da minha existência: meu tempo de vida. Como você tem usado o seu? Para onde você está indo e onde você precisa colocar sua atenção agora?
Talvez essa seja a pergunta básica a ser respondida no momento.